11/01/2008

Longínquo Século XX...

Ontem apercebi-me que estamos em 2008. DOIS MIL E OITO. Números demasiado redondos, que me fazem sentir extremamente quadrada.

Ainda ontem foi dia 31 de Dezembro de 1999. Peguei na mão de A. e juntas corremos para o Milénio, que na altura parecia tão promissor, cheio de coisas brilhantes que nos iam acontecer. "Mergulhar" no milénio com uma corrida era uma das poucas coisas que podíamos fazer com 14 anos - até porque a tenra idade não permitia grandes deslocações a discotecas e muito menos uma bebedeira digna desse nome.

Nesse mesmo ano, fiz o meu primeiro pacto com A. e I.. Prometemos o segredo da nossa virgindade umas às outras. Segredos que jamais partilharíamos com as nossas mães/pais, confidências que só tinham lugar nas conversas entre amigas. Amigas para toda a vida. Sangrámos os dedos e selámos o pacto com anéis de prata, gravados com promessas de amizade eterna.

Os anéis perderam-se com os anos, e com as promessas não foi muito diferente. No cadastro de I. consta uma passagem pelo Júlio de Matos. Diagnóstico: esquizofrenia. Algumas companhias sobrevalorizadas e outros tantos estupefacientes subestimados conduziram I. ao farrapo humano que fui encontrar no Hospital. Do mal o menos, tal estado clínico não foi definitivo e encontra-se hoje "remediado", digamos. Perdido o contacto com I., ficam muitas memórias boas, outras nem tanto...

O percurso de A. não terá sido tão dramático. Um secundário inacabado, algumas depressões e anemias pelo meio e uma relação algo obsessiva-compulsiva com a família. Os laços que partilhámos perderam força ao longo dos anos. A minha vinda para a faculdade acabou por forçar um afastamento algo inevitável, precipitado pelo carácter peculiar de A..

São incontáveis as confidências, segredos, fugas, aventuras e partilhadas.

Os cigarros fumados (e, mais do que isso, tossidos) às escondidas, algures no meio de umas ruínas locais.

As noites de mudança da hora, que sempre serviam para mais uma hora fora da alçada paternal e passada à descoberta de qualquer novo shot.

Aquela vez em que arrombámos os autocarros da rodoviária e os fizemos de abrigo para mais umas juras de amor e amassos juvenis com os primeiros namorados.

Ou quando entrávamos furtivamente na escola primária para ficar a falar com esses nossos apaixonados, numa altura em que o telemóvel ainda era um mito (custa a acreditar que esse tempo existiu!) e namorar por telefone ao pé dos avós também não era muito viável.

Descritas as comparsas, fico a imaginar que ideia farão elas da minha personagem. O que escreveriam, se este fosse o post e o blog delas.

Tenho saudades desse tempo.
Quero voltar ao século passado!

10 comentários:

Jaime disse...

Cresceste depressa. Contas coisas um bocado tristes, mas a vida não é só rir.
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O século passado afinal não é o sec. XIX? Alucinante.
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Bom fim de semana. Só dois dias, mas menos que uma vida.

Francisco disse...

belíssimo texto :)

Ema disse...

muito longínquo. e as reviravoltas da vida, as grandes e aquelas mais pequeninas, ainda o deixam mais longe. também eu quebrei promessas, também eu me afastei, também eu vejo a vida dos outros à distância como se fosse a minha.

Anónimo disse...

ora deixa cá pensar... de repente parece que nem foi assim há tanto tempo mas elah! 8 anos?!
tb eu nessa altura tinha laços muito profundos c pessoas com as quais já não tenho, mas acho que era mt mais certinha do que aquilo que contas aqui :) aliás, eu fui uma adolescente certinha...mas n confundir com sonsa! q eu de sonsa n tenho nda!
e saudosista inveterada que sou, ao fazer este exercicio de olhar pra trás por causa do teu post supreendo-me : não tenho grandes saudades desse passado, tenho mais saudades de um passado mais recente, muito mais marcante e feliz, mas q tb terminou... :(

mas enfim, o futuro, eu agr só quero é saber do futuro (esta frase n é nda eu...mas dadas as circunstâncias tem d ser)

Anónimo disse...

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Maria del Sol disse...

É com alguma comoção por me reconhecer nas tuas palavras (mas, tal como a Curse, não tanto na tua rebeldia, que eu era das "certinhas") e um sentimento agridoce inseparável da passagem do tempo que deixo no ar uma pergunta: será que somos a geração de jovens adultos mais nostálgica que a dos nossos pais?

Não quero que isto soe pretensioso, mas questiono-me porque a julgar pela quantidade de posts que vejo dedicados a este tema que é mesmo uma preocupação alargada.

Um grande beijinho e repito os meus votos de um novo ano com as esperanças renovadas :)

Anónimo disse...

É...esta "rapazinha" como dizia um amigo meu estrangeiro, tem a mania que foi muita maluca!...malucos são aqueles que ficam em casa a jogar computador em vez de irem viver a vida e as suas macaquices!...
Tb eu tenho algumas saudades desses tempos, dos que eu vivi, quero eu dizer!
Não sei se fui um ganda maluco ou se fui certinho...acho q nem uma coisa nem outra, dependendo do ponto de comparação.
Mas com o presente e o futuro, vêm novas aventuras e loucuras que mais tarde vamos sentir algumas saudades. Não é vontade de as voltar a viver pois tv n fizessem sentido, mas recordá-las como momentos que nos fizeram ser quem somos hj...para o mal ou para o bem.

pegueitrinquei disse...

Dear Juvenal,

Resolvidas as divergências quanto à sua identidade, cabe aqui reforçar que talvez não seja tão importante perceber se se foi certinho ou não... O que realmente conta é o que daí resultou, aquilo que somos. Ou seja, vai de encontro àquilo que afirmas.

Valeu o coom*

Anónimo disse...

Tava a ver q mesmo sabendo tu q n sou o gajo chato que te bate o coro n sei onde, que ias continuar numa atitude repreendedora agressiva e quase fascista para com a minha pessoa, apenas por n levares a sério o meu nome de nascimento!...raio da mulher...!
O raio mas é das mulheres todas!!!...=P
*

pegueitrinquei disse...

Caríssimo Anónimo Juvenal:

penso que já poderíamos compilar as suas visitas ao meu blog e criar um blog novo. "Os comentários de Juvenal, o anónimo que queria ombros". Hein, que tal?