No sábado último, decidi passar uma tarde comigo mesma. Sendo poucas as sugestões interessantes em aberto, dediquei então a tarde à ciência. Enchi-me de empirismo e lá fui eu em direcção à Baixa, qual Newton de trazer por casa, tentar perceber quanto tempo aguentaria eu as lojas cheias de gente por causa dos saldos.
Seguindo então os princípios básicos do empirismo, fui observar o mundo, e deixei em casa a intuição e a fé - assim manda a arte de bem investigar, segundo o método empírico.
Estava a correr tudo muito bem nos primeiros 5 minutos, altura em que a minha percepção se deixou alterar por algumas subtâncias pouco católicas que deixaram pouco isenta a minha visão dos factos. Para além de ter começado a chocar nos transeuntes a torto e a direito, não sei como é que consegui ficar durante cerca de 30 minutos numa fila da Zara para experimentar a porcaria de umas Stretch que nem sequer me serviam (porcaria de pernas!). Cerejinha no topo do bolo, comprei uma mala pensando que era preta, e eis senão quando chego a casa e me deparo com um cinzento que só consigo descrever como sendo espacial. Isto para não falar da sede e fome descomunais que me levaram ao McDonalds, onde devorei um menu, reforçado por um Sundae. E vá lá!, não me ter esquecido de voltar atrás para ir buscar o Sundae, tal era a minha vontade de desaparecer dali.
Outra das partes negras deste passeio surreal de Sábado à tarde foi que tive a ilusão de ver poesia em tudo o que era sítio. Mas poesia daquela negra. A culpa foi do Neon Bible. O raio do disco é um soco no estômago quando se está com o sangue adulterado e só se veêm mendigos por toda a parte. Olhei aquelas pessoas que me estendiam a mão e só me apetecia chorar, gritar, tirá-las dali. Volto a afirmar, a culpa foi dos Arcade. Porra, raio de disco mais intenso!
Moral da história: se forem às compras sozinhos/as, não levem Arcade Fire, evitem os pedintes e, mais importante de tudo: NÃO FUMEM!
6 comentários:
sim, substâncias ilícitas com muitoa gente à mistura fazem das suas partidas.
minha amiga, eu levo funerais e biblías de neon para todo o lado, portanto percebo essa ilusão de dramatismo do mundo exterior.
para a próxima, calma, repira, e muda para o mp3 para uma coisa mais alegre...:)
Tens razão, os discos adulteram a nossa visão do mundo, sobretudo quando o propósito do passeio é satisfazer a curiosidade científica em plenos saldos.
Mas antes a poesia trágica dos Arcade Fire, que o romantismo ingénuo, como me tem acontecido com o Jens Lekman. Convenhamos que os transportes públicos não são propriamente um local idílico para divagações sobre o primeiro beijo :P
O meu estado era de tal maneira catatónico que até a simples tarefa de mudar de música adquiriu uma complexidade que me ultrapassou. São dias...
tenho de dar outra oportunidade ao neon bible, continuo a achar o álbum fraquinho.
És mm fraquinha...
Não aguenta, não fuma!
=P
Mas é verdade, há certas alturas em que tudo fica destorcido e é muito complicado ter noção do que se está a fazer...*
lol o leitor do mp3 é a melhor invenção desde a roda...
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