16/01/2008



Ao longo dos anos, vamos dando forma às amizades. Criando laços, bonding, como dizem na beloved América. Pensamos que as pessoas gostam de nós por aquilo que somos, pelo tempo que é passado em conjunto, pelas coisas boas (e também as más) que são partilhadas.
A ingenuidade fez-me crer que esse facto era uma espécie de dogma, um dado adquirido e inquestionável. Mas é curioso perceber que quando certos critérios que não a maneira de ser interferem na escolha das amizades. Quando se deixa de cumprir certos requisitos para fazer parte de um círculo de amizades.

Sentir isso na pele tem que se lhe diga. Por motivos vários, deixei de prestar um certo companheirismo e retraí-me, fiquei mais em casa... Não porque o quisesse, mas porque a isso fui de algum modo forçada.

Não demorou muito para que muitas dessas "amizades" perdessem o direito a serem escritas sem ser entre aspas. Porquê? Também eu gostava de saber. Eu continuo a mesma, só deixei de ser tão boémia e bon vivant.
Como diz o outro, "a burra sou eu". Ainda acreditava que as amizades podiam ser isentas e imunes às vicissitudes da vida. Pois é, algum dia tem que se deixar de acreditar no Pai Natal e no coelhinho da Páscoa. Hoje é o meu dia.

E o bonding perdeu força. Whatever... Vou-me dedicar ao bondage!

(Hoje estou muito dada aos estrangeirismos)

8 comentários:

Ji disse...

Eu também não acredito no Pai Natal, mas continuo a acreditar nos presentes! Eh, eh!

Beijo na bochecha!

Anónimo disse...

Percebo-te bem. Não sei se por ter sentido tb isso na pele várias vezes ou se por eu próprio sentir que estou diferente da pessoa que era e da outra que também já fui. Não q seja uma pessoa totalmente diferente, pois sou o mesmo Juvenal de sempre, mas as vivências alteram-nos, fazem-nos crescer, mudar para o mal ou para o bem, o facto é q não podemos alterar isso. Portanto, sim, acabamos por nos tornar em algo que pode destoar ou não ser tolerado por aqueles que nos acompanharam em aventuras de outros tempos. Ou então, somos nós que nos afastamos por incoscientemente sentirmos que já não existe akela magia que nos unia. Podia ser um grande amor ou uma grande amizade.
Acho que importa perceber se essa mudança foi positiva ou não, e caso percebamos que foi negativa, então podemos sempre procurar aqueles que nos fazem falta e tentar recuperar o tempo perdido, se achar-mos que faz sentido. Já vi acontecer.
O que é certo é que não podemos alterar quem somos de raíz. O coração é o mesmo, talvez a cabeça é que seja outra. Mas se nos sentir-mos bem com a nossa pessoa, então para quê mudar? Será que seríamos mais felizes?...Eu aposto que não. Além disso é normal ter saudades, não só das pessoas, mas também dos momentos vividos.
Eu senti, por exemplo, que nos últimos 4 anos tenho vindo a mudar em parte a minha vida, os meus interesses, as minhas amizades, etc, porque a vida assim me levou a fazer. Não o pedi, nem fiz de propósito, simplesmente aconteceu.
Nem tudo são rosas, tenho saudades da minha inocência em certos assuntos, pois era td muito mais simples...vinha tudo muito mais do coração, do feeling...com menos cabeça à mistura.
Hoje em dia a idade é outra, as responsabilidades também, logo a cabeça acaba por ser um bom mapa, nunca esquecendo a bússula que é o coração.
Acho que tornei este comentário num monólogo...desculpa.
O que quero dizer mesmo é q tudo isso é normal, é a vida em movimento, é conhecer gente nova,novas amizades... é simplesmente viver! Por muito que às vezes nos custe.
*

Maria del Sol disse...

Acho que o Juvenal disse tudo,concordo com ele que as amizades que não sobrevivem à corrosão do tempo e ao divórcio dos interesses comuns pouco têm para as sustentar. A vida faz a sua selecção natural e deixa intactas as pessoas que valem a pena. E esses são os verdadeiros presentes (literalmente).

Isto para não dizer que nunca paramos de conhecer novas pessoas que se podem vir a transformar em seres centrais na nossa vida. Já o dizia, e bem, o John Lennon, "life is what happens while you're busy making other plans". :)

Beijinhos!

Jaime disse...

Com o tempo, há uma espécie de selecção natural dos amigos. Se calhar não se pode ter muitos amigos, não há tempo e espaço para a quantidade. Eu não acredito no Pai Natal, mas acredito na amizade, e também um pouco no coelhinho da Páscoa. Quando fizeres bondage não te esqueças de contar como foi.

pegueitrinquei disse...

Juvenal, encostaste-me à parede com essas afirmações. Practicamente entendeste aquilo que eu própria escrevi, melhor do que eu! E descreveste-o de uma maneira que eu própria não faria melhor...

Maria, adorei essa ideia da selecção natural. Poderia soar um pouco darwinista, mas cá entre nós sabemos que é mesmo assim, feliz ou infelizmente.

Jaime: Podes esquecer que não vou fazer bondage coisíssima nenhuma!

Obrigado a todos pelos comentários maravilhosos. Fizeram-me sentir bem, sem dúvida!

Francisco disse...

há uns tempos, no princípio do verão do ano passado, fiz um post no meu blog a falar sobre isto, também. acho que deve ser mais ou menos normal.

Anónimo disse...

junto-me ao coro, acho que todos nós já passámos por isso...é triste sim, um pouco, pelo menos quando bate uma certa nostalgia. mas de facto a chave é sentimo-nos bem connosco próprios e essa ideia da selecção natural, pelo menos no meu caso, não podia estar mais correcta.

Kimaya disse...

É bom sentirmos saudades das pessoas e das situacoes que passamos e um dia vivemos.
O nosso coracao é o mesmo, lá porque o trabalho fodido que nos mata as horas nao nos faca ter tempo para dizer que gostamos das pessoas, nao significa que deixemos de gostar.
nos momentos de paz todas as emocoes brotam. e topamos que x ou y era fixe e seria bom ter tempo para ambos. mas agora temos k pensar é em nos, nos nossos ganhos, nas nossas lutas, pk num país como o nosso, tem que ser a dobrar so para se poder pagar as contas.
Os amigos percebem isso.
e no verao ira ser diferente :P