27/03/2008

Quando ele chega, já vai com a boca cheia de comida. Geralmente chocolates ou bolachas. Todos os dias, sem excepção. Antes de eu começar a dieta, se tivesse comida visível, ele pedia-me se podia tirar, com um entusiasmo próprio de alguém que executa dada tarefa pela última vez na vida. Transpira que nem um porco quando faz calor e está gordo. Sinto-me mal por me enojar cada vez que o vejo comer. Mas enoja-me. Provoca-me vómitos, sinto que vou bolçar (*) se não desviar o olhar de imediato. Principalmente pelo regozijo com que ele se entope de porcarias, goela abaixo. Se por alguma fraqueza da carne, dou por mim a comer algo que me foi proibido, lembro-me dele de imediato e sinto esse nojo percorrer-me de uma ponta à outra do corpo.

Há um outro que usa umas camisas aos quadrados estranhas, e uns mamarrachos num ouro que de verdadeiro, aparenta pouco. A esse, também tenho vontade de o trucidar, trespassar, fuzilar. É provinciano, é bimbo, é um verdadeiro borgesso, na plena acepção da palavra. A calcinha em sarja azul céu, a camisinha de farmer americano, o sapatinho quadradão, os ouros... É demais até para uma gaja tolerante como eu. Cada vez que abre a boca para falar, qualquer som grunhido por aquele homem me dá vontade de o mandar pela janela abaixo, esperando que se estatele e fique bem partidinho.


Tenho este dom especial de odiar assim as pessoas.


Cabe informar que este dom é-me intrínseco, mas tem sido reforçado pelo meu desequilíbrio hormonal.


(*) E para não ficarem com a sensação de que este é um blog onde se achincalha gratuitamente e pouco ou nada se aprende, fiquem então com uma pequena lição GRATUITA sobre o acto de bolçar. Para além de ser um vocábulo que adoro, adorei a minuciosidade com que é descrito o acto em si. Ora então deleitem-se:

Bolçar, também denominado regurgitação, é um problema comum nos bebés. A maioria dos bebés bolça pelo menos ocasionalmente e alguns bolçam a todas as mamadas. Quer os bebés que são amamentados a peito, quer os que são alimentados a biberão, bolçam.
O bebé pode bolçar algum leite misturado com saliva e mucosidade quando está a arrotar ou a babar-se, especialmente quando comeu mais do que o seu pequeno estômago consegue suportar. Se o leite chegou apenas até ao esófago antes de ser regurgitado, terá o mesmo aspecto que tinha quando o bebé o bebeu. Mas se o leite já tinha chegado ao estômago antes de voltar para trás, terá um cheiro azedo.


Não é lindo?

9 comentários:

Então oh coisinha? disse...

Quem se ia bolsando a rir agora era eu!

Quando voltares a achincalhar desta maneira, vai-me chamar por favor!

:)

Menphis disse...

Ehehehe...Ainda por cima ele é o teu chefe ? não ?

Anónimo disse...

como te compreendo... principalmente a do bronco de ouro fajuto.. haja pachorra

Sadeek disse...

Medo....HAHAHAHA

BEIJOOOOOOOOOOOOOS

Anónimo disse...

aaah..como eu te compreendo. é exactamente assim que me sinto todos os dias, com certas pessoas da minha faculdade!
às vezes penso se é normal odiar assim pessoas q nem conheço bem...mas sim, acho que é. ainda n me deu para matá-las.
ainda.

Pedro de Payalvo disse...

também me sinto cada vez menos tolerante com certas pessoas, e seus hábitos...

essa de como se come...
detesto, pessoal que vive para comer, que consegue passar um dia sentado à mesa, ou que passa um dia sempre a falar, pedir, ou desconfortável sem comer...
que até os olhos saem das orbitas quando estão a comer...
que mastigam de boca aberta, fazem todo o tipo de barulhos...

dou por mim a torcer-me todo, a fingir que não vejo, a tentar ignorar...

quando o que me apetece, é devolver a tortura, mas à minha maneira...

Cheguevara disse...

Tolerante é de facto um adjectivo que se adequa a ti... ahahahah

Mas gosto da sinceridade, completamente desprendida de pudores, sem medo das consciencias mais sensiveis.

É assim mm, sempre a aviar cartucho.

Anónimo disse...

Bela foto

Abssinto disse...

(Duas palmadinhas no teu ombro)