14/03/2008

Mais um estudo antropológico barato

Não deixo de me espantar com as notícias que nos chegam do outro lado do mundo. Espaços de chill out, zonas lounge, espaços para fumadores. Tudo isso parece ficar algures num passado distante, com a conotação de "pequenos lactentes", quando comparados com a iniciativa da Hime&Company. Esta empresa nipónica decidiu pagar férias aos seus colaboradores para que recuperem dos desgostos de amor. I know, eu também fiquei com inveja. Não sei se será uma medida de último recurso para evitar que os queridos japoneses recorram ao Hara-kiri para se livrarem da vergonha de um desgosto, mas porra, é uma ideia de se lhe tirar o chapéu. Assim já eles se podem munir de Canon's, protector solar e chapéus enormes e correr a Europa a registar tudo o que vêm, geralmente em poses duvidosas. Esquecendo assim que, se estivessem a trabalhar, muito provavelmente estariam a tentar encontrar uma maneira honrosa de se suicidarem.
Tudo isto levou-me a uma outra observação de cariz antropológico. Desta feita, tenho reparado no intensificar dos ressabiamentos pós-fim-de-relação, propiciados pelas novas tecnologias. No tempo dos afonsinhos, quando a internet e os telemóveis não eram um dado adquirido, tudo era mais simples. A relação terminava, podia haver uma ou outra troca de galhardetes, na pior das hipóteses, um crime passional se o ressabiamento fosse muito. Ora, já hoje em dia, não é raro encontrar uma frase, uma directa ou indirecta, em Messengers, Blog, Foto Logs, Picasas, Facebooks, Hi5's e afins, dirigida ao ex-ditocujo. Tenho-o visto com frequência, mas felizmente não o experiencio. É intrigante observar o ritmo alucinante a que as relações interpessoais têm evoluido e as consequências que daí advém.
Se esperam que retire daqui uma brilhante conclusão, estão enganados. Este foi um estudo informal da minha parte e, como tal, resultou apenas num constatar de factos e não numa premissa que pudesse salvar a humanidade destes "pequenos inconvenientes".
Tenho dito.

7 comentários:

Porcos no Espaço disse...

O que aconteceu, acabou o financiamento antes de teres terminado o estudo?

Ema disse...

essa fez-me lembrar a da prisão de ventre da activia. quer dizer, é um bocado fácil fingir-se um desgosto amoroso, não?
"ai senhor boss, estou tão triste, nem me aguento nas pernas"...

Jaime disse...

Muito bom, este estudo que afinal até são dois, mas formidavelmente concatenados por um fio condutor eivado da mais pura seriedade científica. Eu diria, se não fosse imodesto, e quiçá plágio de qualquer expressão semelhante que terei lido noutra caixa como esta, que nem eu próprio conseguiria tão bem analisar agentes embebidos numa cultura diferente, mas afinal tão próximos, e bla bla bla, bom fim de semana! :-)

Anónimo disse...

É verdade sim senhora. Antes era tudo mais simples. Acabava, acabava e ou se encontravam na rua ou alguém telefonava, tirando isso n havia hipótese de troca de mensagens e indirectas. Era bem mais fácil...cada um tinha o seu espaço. Era mais fácil escondermo-nos, fugirmos e sobretudo não querer saber da outra pessoa.
Hoje em dia,é tão mais fácil acompanhar de longe, mas ao mesmo tempo, tão mais doloroso.
É a tecnologia a evoluir e o ser humano a regredir...ou tv não...n sei.
Talvez um dia nos estejamos todos a cagar pa tudo , inclusivé para o amor. Talvez passemos a viver numa sociedade poligâmica e liberal onde não existe ciúme, nem traição e coisas que tais.
Mas será que isso é bom...!?
Talvez seja só eu, mas ia sentir falta de tudo isso, pq o amor nunca mais iria saber ao mesmo.

*

Maria del Sol disse...

Bem visto, esse factor tecnológico nas relações. Se por um lado no início é tudo muito bonito (a troca de mimos por sms, os mails apaixonados, os fives de "better half" e comentários no hi5 por dá ca daquela palha), no fim permite coisas tão aviltantes como pôr o outro a andar sem sequer ter de lho dizer na cara ou persegui-lo com missivas desesperadas. Será que estamos a evoluir da melhor maneira? :/

Ema disse...

mas é mesmo. estamos tão expostos. é tão difícil fugir a isso, e é tão difícil fugir, ponto final.

pegueitrinquei disse...

Não, porcos no espaço, n acabou o financiamento...fui mesmo só almoçar! E a fome prevalece sobre os estudos...

E Jaime, sabes tão bem quanto eu que essa falsa modéstia não se aplica, ambos sabemos que esta análise de esquina poderia ter saído desse teu cérebro!

Quanto aos outros...Pois, têm razão em tudo o que dizem =)