26/05/2008

Big Brother ou a promoção da acefalia

Estamos a viver num mundo onde ninguém é livre, no qual dificilmente alguém está seguro, sendo quase impossível ser honesto e permanecer vivo.

George Orwell, The Road to Wigan Pier


Já em 1948, George Orwell previa os absurdos que chegariam nesta era Big Brother em que hoje vivemos. Na concepção de Orwell, a Oceania é regida pelo dito Big Brother, ditador totalitário que quer fazer crer aos cidadãos que estes vivem em democracia. Como em qualquer regime totalitário, tudo o que o cidadão pensa ou faz tem que ir de encontro à linha de pensamento do Partido. Caso contrário, se se pensasse diferente, cometia-se crimidéia (crime de ideia) e a Polícia do Pensamento capturava e vaporizava a pessoa em questão. Desaparecia.

Esta redução do pensamento e da opinião infelizmente acontece ainda hoje, nas democracias em que vivemos. Acontece desde as entidades privadas aos organismos públicos. Quem cometa o erro de se pronunciar contra algo que é promovido pela instituição onde se insira, pode muito simplesmente ser alvo de ostracismo, exclusão explícita ou implícita ou, na pior das hipóteses, a expulsão definitiva.

Tanto que podia dizer sobre o assunto.











Mas não se pode,
Big Brother is watching!

4 comentários:

José Miguel Oliveira disse...

Espantosa obra, uma das minhas ficções (seja em que "suporte" for) de culto absoluto. Obrigado pela memória.

Menphis disse...

Descobri esta obra na mesma altura em que descobri o " Admirável Mundo Novo" de Huxley, foram duas obras que mais me ensinaram a viver nesta sociedade e a compreendê-la melhor.
Na brincadeira, digo que deixei de jogar Euromilhões depois de ler este livro e recordo-me perfeitamente do capitulo onde ele fala disso.
Não sei o porquê, mas perdi o rasto à obra de Orwell, mas é algo que quero voltar a descobrir urgentemente.

Acho que Orwell deveria ser um profeta, da maneira como esta sociedade nos vigia, parecendo que está a ser criado um Big Brother disfarçado, tudo em nome da nossa segurança. É câmaras de vigilância por todo o lado, já estive em Inglaterra e eles ficam todos felizes por serem vigiados. Mas não é só nas câmaras que o sistema nos vigia, é nos cartões das lojas para ter descontos que querem todos os nossos dados pessoais e agora até vamos ter direito a um cartão único, que tem tudo da nossa vida lá exposto.

Anónimo disse...

Vivemos uma época particularmente dificil em que a restrição das liberdades individuais acontece sem que as pessoas se apercebam, algmas vezes, ou se manifestem, na maioria das vezes. Após algumas décadas de conquista de algumas liberdades importantes e pelas quais se fizeram lutas e revoluções historicamente irrepetiveis (julgam os incautos), assistimos a uma inversão nesse caminho. O Estado pretende controlar cada vez mais aspectos das nossas vidas e a padronização é uma tendência a que não conseguem resistir. Preocupa-me essencialmente a ausência de debate sobre esta tendência actual e a passividade humana, que demonstra bem o egoismo latente nesta época de culto individual em que vivemos. Peço desculpa pela extensão do comentário mas é muito raro ter vontade de comentar um blog, pelo que quando acontece há que aproveitar. parabéns pelo blog e pelo post. ganhaste um leitor.

Anónimo disse...
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