21/02/2008


A propósito deste post da Ema, não pude deixar de reparar que também tenho andado com as palavras dela na cabeça. transportei-me para lá, imaginei-me dentro do corpo dela., disse ela. É um exercício que tenho vindo a fazer com alguma insistência. Dou por mim dentro do carro a ver as pessoas na passadeira, dentro do autocarro a ver os que passam na rua, e projecto-me para dentro deles, à semelhança do que fez a Ema. Mas ela fê-lo num pedinte, eu faço-o com as pessoas ditas comuns. Com as mulheres que vão para o trabalho carregando o saco colorido do almoço, com os homens semi-calvos subalternos de outrém que passam apressados de pasta na mão. Olho-os e imagino o que seria acordar todos os dias, olhar no espelho e ser aquela pessoa, ter aquele rosto, aquele corpo. A careca luzidia, a peluda barriga saliente, o ventre flácido dos 2 filhos, os cabelos a ficarem brancos de tanta correria a apressar os ditos para a escola.


Olho-os, e fico a pensar que afinal não é assim tão mau ser quem sou.


#Imagem: Venus in the Mirror, Diego Velásquez

2 comentários:

Ema disse...

faço esse exercício sim. com muita gente. com quem me chama à atenção. mas nem sempre fico contente por ser quem sou. Às vezes os outros parecem mais felizes...

até gosto que me cites, pá.

Maria del Sol disse...

Descobriste um dos meus passatempos secretos quando vou sozinha no metro ;)