Odeio este meu rabo de cinquenta anos. Longe da glória de outros tempos, onde nada me diminuía quando comparada com essas putas com que hoje te regalas. Já não reconheço a minha voz, consumida pelos cigarros intermináveis fumados após cada desilusão, a cada noite só, a cada grito. Rouca, foi-se o brio de outrora, o esplendor com que me entreguei a ti e que fui lentamente perdendo.
Os sinais da discussão recente são evidentes. O copo partido, o cinzeiro caído, as cinzas espalhadas, as beatas desordenadas. Como eu, como tu, como a nossa vida. Os negócios, sempre os negócios. O tempo, sempre amanhã, sempre na próxima semana, no próximo mês, no próximo ano. As viagens adiadas, os jantares frios, o meu corpo inerte esquecido na cama.
Esta madrugada, um último suspiro quase inaudível, enquanto te esperei só mais uma vez. Uma maleita aleatória das quais padeço fez-me sucumbir a uma morte silenciosa, anunciada, mas jamais esperada. Morri só, na alvura assustadora dos lençóis, sempre vazios. Não sei por quantas horas mais ficará o meu corpo aqui jogado. Talvez chegues esta noite, embriagado e envolto nesse perfume barato que trazes do corpo de outras. Chegarás quem sabe tão ébrio que nem sentirás o cheiro da minha morte. Provavelmente cairás na cama, a meu lado, para apenas na manhã seguinte te dares conta da minha existência, a qual há muito esqueceste.
Sentir-me-ás agora? Lamentarás todo o tempo adiado, o amanhã, o depois, o próximo ano?
Acorda, foda-se! Aproxima-se a hora do meu funeral.
Os sinais da discussão recente são evidentes. O copo partido, o cinzeiro caído, as cinzas espalhadas, as beatas desordenadas. Como eu, como tu, como a nossa vida. Os negócios, sempre os negócios. O tempo, sempre amanhã, sempre na próxima semana, no próximo mês, no próximo ano. As viagens adiadas, os jantares frios, o meu corpo inerte esquecido na cama.
Esta madrugada, um último suspiro quase inaudível, enquanto te esperei só mais uma vez. Uma maleita aleatória das quais padeço fez-me sucumbir a uma morte silenciosa, anunciada, mas jamais esperada. Morri só, na alvura assustadora dos lençóis, sempre vazios. Não sei por quantas horas mais ficará o meu corpo aqui jogado. Talvez chegues esta noite, embriagado e envolto nesse perfume barato que trazes do corpo de outras. Chegarás quem sabe tão ébrio que nem sentirás o cheiro da minha morte. Provavelmente cairás na cama, a meu lado, para apenas na manhã seguinte te dares conta da minha existência, a qual há muito esqueceste.
Sentir-me-ás agora? Lamentarás todo o tempo adiado, o amanhã, o depois, o próximo ano?
Acorda, foda-se! Aproxima-se a hora do meu funeral.
4 comentários:
Senti...mesmo! Quase que dei por mim a olhar pelos olhos dela. Mesmo intenso!
Está mt bem escrito, para não variar*
Andas é a utilizar mts palavrões!...=P
E mesmo que acorde.... e mesmo que acorde...
o inicio está fantástico: "Odeio este meu rabo de cinquenta anos. Longe da glória de outros tempos, onde nada me diminuía quando comparada com essas putas com que hoje te regalas."
o que segue também.
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