23/12/2009

Auto-adulação


Porque é Natal. Ou não. Mesmo que não fosse, whatever, um mimo é sempre bom.

E por isso hoje apetece-me dedicar-me esta Interrogação, do Camilo Pessanha.

Apetece-me fazer minhas estas palavras.
Que alguém adoece de sentir-me doente.
Que o meu sorriso é quase um sol de inverno.
Vou fingir. E gosto da sensação.




Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,

Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;

E apesar disso, crê! nunca pensei num lar

Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.



Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.

E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.

Nem depois de acordar te procurei no leito

Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos.



Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo

A tua cor sadia, o teu sorriso terno...

Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso

Que me penetra bem, como este sol de Inverno.



Passo contigo a tarde e sempre sem receio

Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.

Eu não demoro o olhar na curva do teu seio

Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.



Eu não sei se é amor. Será talvez começo...

Eu não sei que mudança a minha alma pressente...

Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,

Que adoecia talvez de te saber doente

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