02/02/2010

Para quando acordares


As primeiras luzes da madrugada entram tímidas janela adentro, beijando-te a pele cândida. Jazes a meu lado (in)consciente da tua imperial beleza, despida como vieste ao mundo, tranquila no teu invulgar sono.


Não posso mais consumir-me nestas noites em que tu és rainha, em que impotente me apago perante a tua soberania indiferente. Nunca vi uma pele tão pura que contivesse em si um ser tão devasso, tão alheio aos sentimentos de quem a ela se subjugue. Tens-me na palma da mão e usas-me a teu bel-prazer. Sei-o e a muito custo o admito para mim, pago caro esta dependência. Sinto vender a alma ao diabo, noite após noite. E tu indiferente, do alto do teu pedestal, intrépida consumidora de auras alheias.


Oxalá pudesse redigir-te estas palavras sem a pressão de conjugar género algum. Mas inevitavelmente sei que sou tua e dessa tua pele impiedosamente devassa, assustadoramente viciante. Jogo perigoso, este da entrega que jogamos. Perigoso para mim, que continuarei súbdita, reles plebeia dos teus desejos inflamados, para um qualquer dia acabar esquecida numa latrina infesta.
Vender-me-ei mais uma vez esta noite para depois cair novamente no abismo das incertezas, prostituta sentimental que sou.


Uma reles puta.

8 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom. Gostei mm mt

Ji disse...

Well done, sweet heart!

pegueitrinquei disse...

seja bem aparecida, dona heartbreaker :)

Ji disse...

Heartbroken! :w

punchpat disse...

Pesado.

Efeito Borboleta disse...

Muito bom... A crueza nua da existência humana.
Beijo do Sul,
Clara

made in ♥ love disse...

wow... impressionada!!!!


Um beijinho
Eduarda
be in ♥ love

Anónimo disse...

adoro estórias de putas ;-)