Acabo por beber as cervejas sempre sozinha. Compro-as ali no mini-mercado, aquele logo no início da rua. Tu é nunca achaste muita piada à bebida. Pouco importa, o sítio vale por si e pela companhia que se traz.
Sempre gostei dos finais de tarde do Adamastor. Gosto do sabor a liberdade que por lá se sente, gosto da mistura de freaks despreocupados com os pseudo-yuppies que por lá se passeiam volta e meia. E gosto de te trazer comigo, mesmo que não gostes de beber cervejas.
Lembro-me perfeitamente de uma fotografia lá tirada pela velha máquina dos adesivos e dos parafusos. Lembro-me bem da maquilhagem que usava nesse dia, e do vestido, um vermelho de que parecias gostar. Os brincos, eram aqueles vintage de mola, nos quais toda a gente repara sempre, aqueles que perdi na última festa a que fomos. Do retrato, pouco ou nada lembro, até porque estava mais ocupada em fotografar-te na minha cabeça. As tuas mãos pequenas, os dedos semi-curvados, como sempre fazes quando pegas nalguma coisa. O ar sisudo que sempre envergas quando procuras cristalizar qualquer imagem. O sorriso no final, quando é conseguida a tal que queres recordada. Não me lembro do meu retrato pois estava demasiada ocupada nestas lides, catalogando cada momento que não quero ver esquecido.
Pouco já me importa o retrato. Preocupa-me antes esta galeria de imagens que desabou na minha cabeça e que não consegui ainda pôr em ordem. Umas quero guardar, outras nem tanto.
Uma coisa é certa. Estás em todas elas.
Dá-me tanto trabalho arrumar-te!...
2 comentários:
As vezes não queremos arrumar..outras dói demais
E a mim... que sempre fui desarrumado...*
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