E se um dia para o outro, a gravata desse lugar a dois botões desapertados, e o casaco a umas mangas arregaçadas?
E os sapatos quadradões, às simpáticas all-star, bem coloridas?
Se de um dia para o outro, o dress code instituído fosse contestado, de um ao outro lado do planeta, originando um Maio de '68 do vestuário?
Pode parecer exagerado, mas agora que virei yuppie (só por fora, que cá dentro as convicções mantêm-se fiéis!), vejo o quão descabidos são certos valores instituídos em certas profissões. Dizem as entidades patronais que os empregados devem vestir-se à imagem dos clientes, e daquilo que os clientes esperam. Que um homem de t-shirt atrás de um balcão é pouco credível, e uma mulher de decote ou de alças ainda menos. Porra, se estiver um calor de morrer, pouco me importa se o homem está de t-shirt ou a mulher de burka! Desde que me atenda devidamente e dentro do esperado! Agora, obrigarem os colarinhos brancos deste e outros países fora a andarem fardados à medida do que o cliente espera, só porque está instituído, só porque é tradição, só porque se convencionou... Mas alguma vez perguntaram ao cliente como é que ele quer ver vestido quem o atende?? Eu também sou cliente aqui e ali, e a mim nunca ninguém me perguntou nada. Ligam a perguntar sobre tarifários, sobre detergentes, até sobre a put@ da tinta que uso nas paredes, mas ninguém me perguntou como é que eu quero ver os yuppies vestidos! Que não pareça que me preocupo com estas questões só porque agora estou no meio! Já antigamente me incomodava, principalmente ver os colegas do sexo masculino sem poderem sequer despir o casaco. Em função de algo de tão ridículo, que não está sequer escrito em lugar algum (a não ser nas normas internas das empresas).
Era bom que a deixa marxista pegasse, talvez o nosso dia a dia passasse a ser mais desafogado. E mais não digo. Vou-me despir.