As pessoas do metro são demasiado feias. E a música que sai dos meus auscultadores torna-as ainda mais feias, sujas, mal dispostas, azedas, cinzentas. E não as consigo encarar. Nem elas a mim. Fugimo-nos reciprocamente, inevitavelmente, circularmente. Olhares ping-pong. O meu bate em ti, tu passa-lo para o da frente, o da frente para o do lado. pingpongpingpongpingpong. DINGDONG
Marquês de Pombal, há correspondência com a linha amarela (uffffffffffffffffffff) e respiro finalmente. Enquanto subo a Braamcamp, evito pensar porque odeio tanto as pessoas do metro. Mas a verdade é translúcida demais para lhe fugir. Com as evidências não há pingpong. Não são as pessoas do metro que são feias. É o meu cinzento que as torna feias, é o saber-me igual a elas. Eu também sou uma das pessoas do metro. Umas das feias, sujas, mal dispostas, azedas, cinzentas pessoas do metro. Olho-as e odeio-as por me saber ser assim também. São já 8h27. Oito horas e vinte e sete minutos. Pico o ponto e urante todo o dia fingirei um não-encontro com as pessoas do metro. E finalmente às 17h voltarei a odiá-las/odiar-me. Às dezassete horas.
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sabia-me bem o colo dela