21/10/2010




Mas sabes bem que podia armar-me no romântico que não sou e dizer-te que és linda e inteligente e divertida e … todas as outras coisas que realmente és. Mas quantos gajos antes de mim já to disseram? E de vos serviu?

A bem dizer da verdade, de pouco. Nada mesmo. Gosto pouco dessas bajulices interesseiras. Gosto de gajos brutos, que me arrastem pelos cabelos, que me tomem no chão e me lembrem da brutalidade que é sermos humanos.

Como eu te percebo. É dessa animalidade que falo, um querer desmedido em estar em ti que não controlo. É por isso que te quero por perto. Porque me despojas de presunções, porque me tiras o chão debaixo dos pés, porque me acordas um sentimento violento de te querer como nunca antes vivenciei.

E achas mesmo que acredito nessas merdas que me dizes? Estás mesmo que dizeres isso com um cigarro na boca faz de ti um gajo sexy? Achas mesmo que me vais levar para a cama com essas filosofias de bolso? Limita-te por favor a ignorar a minha pela despida. Dispo-me porque sou da terra, porque gosto de sentir o arrepio em cada centímetro de pele, porque só despida me sinto inteira.

Sabes bem que te quero levar para a cama, não posso negá-lo. E nunca me julguei capaz de o fazer só pela minha escassa oratória, ou porque me ache um gajo sexy, como dizias. Mas animais que somos, sei que neste momento me queres tanto ou ainda mais do que eu te quero a ti. O teu cheiro diz-me isso, a tua pélvis irrequieta implora-o, e esse teu peito gritantemente insinuado… vais desmenti-lo?

Sou apenas um animal, se for para a cama contigo sabes bem quais os meus motivos. Não penses com isso que me tens para sempre, que a mim ninguém me tem.

E quanto mais repetes isso mais me atrais e me repeles. Sabes bem que te quero por inteiro. Não quero dispor do teu corpo porque ele me desnorteie, ou porque o teu intelecto me desequilibre. Quero-te porque me trazes de volta ao que é essencial, porque me desarmas a cada olhar, a cada gesto que articulas, a cada palavra que proferes. Porque me sinto profano cada vez que olho para o teu corpo despido, que tenho por sagrado na nudez que ostenta.

Que exagero, o meu corpo não é nenhum templo. Não acredito em divindades.

Que tonta que és, completamente alheia à tua majestosidade. Ignoras a energia esmagadora que imprimes à tua passagem. Não quero ser só mais um cabrão que te teve por uma noite. Não quero beber de ti sem nada dar em troca.

Não sejas idiota. Despe-te e faz o que tens a fazer.

4 comentários:

Anónimo disse...

Gostei muito! Só há ali uma parte que não me parece necessária. A história da nudez e pertenceres ah terra e o camandro. Parece um adepto de trance a falar c ácido na cabeça. De resto está muito bom! =) *

lampâda mervelha disse...

Borrego para a ovelha:

- Aii filha, tens tanta lã!

Ovelha para o borrego:

- Olha lá, vieste para foder ou fazer tricot?



É isso!

Raquel Pires disse...

Tão bom mas tão bom ler isto!

pegueitrinquei disse...

Respect, Raquel Neves, tu é que rockas as palavras e não é pouco!