10/04/2010

Tirania interior




Enquanto ia vivendo as mais diversas situações traumáticas que marcaram o meu crescimento, desde a infância à idade adulta, um medo prevalecia dentro de mim. Tinha muito medo de não conseguir vir a ser uma pessoa "normal" quando fosse grande. Pensava que ia ter medo de estar sozinha, pensava que podia nunca vir a ter uma relação normal, pensava muito na fronteira entre mim e o outro e até onde ela poderia ser perturbada.


Poucas horas atrás, cai-me tudo em cima. No meio do zapping, a bomba explode-me nas mãos, estilhaços por todo o lado. Alguém na televisão relata a patologia clínica que marca os seus relacionamentos e que não a deixa viver com equilíbrio e em tranquilidade. A cada episódio relatado, a cada sentimento confessado, mais me assustava tal era a semelhança entre a minha vida e a daquela mulher. Deitei-me a pensar nisso e esta manhã lá consegui coragem para procurar algo mais sobre o assunto na internet. Mais uma vez, lá estava ela. A verdade nua e crua sobre toda a minha vida, relatada pelas mais variadas pessoas.


Não deixa de ser triste pensar que ao crescermos, os problemas são mais que muitos, e quando os pensamos definitivamente ultrapassados, esquecidos no passado, BUM! Eles estão e estiveram sempre lá dentro, como uma ferida aberta que teima em não cicatrizar, e vai apodrecendo os tecidos à sua volta.


Procurei ajuda antes ainda de saber dar um nome ao meu problema. Ontem finalmente soube do que padeço, soube dar um "rosto" ao monstro contra o qual venho a lutar. Deixa-me minimamente tranquila o reconhecimento que já fiz para mim mesma de que está na hora de mudar. Aos poucos, hei-de viver em paz comigo mesma. Assim espero.

1 comentário:

lampâda mervelha disse...

Os monstros que tenho, são meus amigos.

Alguns ainda não os reconheço como meus. Outros, por vezes, visto-lhes a pele. Alimento-os. Alimentam-me. É uma questão de convívio...

Acho que estás no caminho certo. Aos poucos... aos poucos...

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