10/04/2008

Ontem peguei na guitarra para tocar 20.000 Seconds, a minha música favorita de K's Choice e a que mais recordações da adolescência me traz. O meu primeiro namorado, beijava-o às quartas-feiras à tarde, a ouvir a K7 gravada dos K's vezes sem conta. E íamos ser muito felizes e ficar juntos para sempre.

Mas a eternidade afinal só durou 5 meses.


Mas enquanto durou, era sempre uma aventura conseguir ir ter com ele. Primeiro, porque tinha que desencantar 500 escudos para o autocarro. O que ainda era muito, tendo em conta que a minha mãe me dava só 200 e eram para o almoço - estávamos em 1999. Mas entre amigas, lá se reunia o dinheiro para a menina h4rddrunk3r não ficar uma quarta-feira sem ir namorar. Depois, era fazer figas e implorar aos santinhos todos que ninguém no autocarro me reconhecesse e fosse contar à minha mãe. E arranjar mais um estratagema qualquer que colasse, e fizesse a minha mommy acreditar que tinha passado a tarde na biblioteca a estudar...

Claro que a farsa das quartas-feiras não durou muito e a minha mãe não tardou a perceber que eu estava apaixonada. E em vez de lhe esconder as minhas escapadelas, ela passou a ser a minha aliada, confidente e melhor amiga. Que aliás, já era, mas quando se tem o primeiro namorado, nunca se sabe como é que a mamã irá reagir!


Era difícil encontrar um sítio sossegado onde os olhares curiosos não incomodassem. E por isso, foi com ele que cometi o meu primeiro pseudo-acto de vandalismo, ao entrar na rodoviária e arrombar um autocarro, onde ficávamos escassos minutos a trocar muitos beijos (e algumas poucas palavras). Daí, a arrombar a escola primária lá da terriola foi um passo. Porque o telefone lá dentro me permitia ficar a falar com ele sem pagar e sem ter a minha avó a perguntar-me para quem é que eu andava a ligar tanto Ah, avó, é um amigo cujos pais se divorciaram há pouco tempo, está um bocadinho em baixo... Foi também com ele que passei uma tarde inteira aos beijos no Baleal e apanhei o meu primeiro e mais grave escaldão de sempre, de tão entretida que estava.


Hoje sabe-me bem recordar ao que sabiam aquelas pequenas grandes aventuras. O que era chegar a casa nos primeiros tempos de coração apertado, a torcer para que a minha mãe não suspeitasse.


E as horas que passei no quarto a deprimir, ao som desta música, quando mais tarde quis voltar para ele e fui rejeitada. Sofri mesmo muito. Aquele sofrimento cuja intensidade, só as hormonas juvenis permitem. Um exagero. Mas hoje, recordo esse sofrimento com alguma nostalgia. . .


20,000 seconds since you've left and I'm still counting
And 20,000 reasons to get up, get something done
But I'm still waiting
Is someone kind enough to
Pick me up and give me food, assure me that the world is good
But you should be here, you should be here

How colors can change and even the texture of the rain
And what's that ugly little stain on the bathroom floor
I'd rather not deal with that right now
I'd rather be floating in space somewhere or
Worry about the ozone layer
And it's almost like a corny movie scene

But I'm out of frame and the lighting's bad
And the music has no theme
And we're all so strong when nothing's wrong
And the world is at our feet
But how small we are when our love is far away
And all you need is you

#: hardestthing

7 comentários:

s. disse...

é grande essa música. é curioso que também tenho ligada essa banda a alguém especial. para mim ficou:

we will be winners
our heads glued together
and all is indefinite in you

Bolha disse...

Esta música é bem bem fofa ;) Então enquanto a hardcore xoira arrombava edifícios públicos ainda devia ser mais bonita lol..
Ainda não me respondeste à msg badalhoca :p


*rota*

Menphis disse...

Penso que sofrer por amor nunca será um grande exagero. Desde que esse sofrimento não passe a tendências suicidas/masoquistas ás vezes é bom sofrer por amor.Pelo menos crescemos um bocadinho.

Inspirado disse...

e que é feito do pimpolho?

pombamarela disse...

Engraçado, ao ler-te senti um aperto, lembrei-me que passei (mais do que uma vez) por situações semelhantes, principalmente a angústia de teres vontade de gritar a plenos pulmões que estás loucamente apaixonada por alguém, só te apetece viver e respirar em função desse amor e do outro lado o pânico da mãe descobrir que namoras, que fazes 30 por uma linha para estares com um rapaz

Von disse...

Um dos escritos mais bonitos que já li... e o mais bonito em muito, muito tempo...

Gostava de o incluir no meu blog novo... mas nunca o faria, porque a intimidade que ele respira não é transmissível.

Von

pegueitrinquei disse...

VON: Por mim, tens toda a liberdade :)**