10/04/2008












For what loss does the rain bleat
in painful sinuous tones?
with sudden shudders it sighs
and glinting eyes growls?


Sandhya Ramachandran


A cidade fora engolida pela chuva. Água, água, água por todo o lado, esse elemento invasivo que ninguém podia deter. Final de tarde barulhento, dia cheio de ruído, cabeça plena de voos inconcretizados. Eis senão quando passa o carro, e a colhe, perdida na sua própria distracção. Como não sendo já suficiente a água que escorria a catadupa dos céus, o carro passara e sem dó nem piedade, pusera-a a pingar dos pés à cabeça. E foi literalmente a(s) gota(s) de água, o momento em que se sentiu tombar, em que se sentiu pequena e diminuída. Lembrou-se do hálito dele. Quis beijá-lo. Sentiu-se esmagada pela trombra de água, pela injustiça dessa banho infortuito, e pela sua fraqueza incomensurável. Todos os dias se lembrava do hálito dele. E agora mais do que nunca, ali pousada a pingar na beira da estrada, esmagada pela trombra de água, pela injustiça dessa banho infortuito, e pela sua fraqueza incomensurável.

3 comentários:

MARIA MERCEDES disse...

Também me senti bastante encharcada...e sem ter o sabor do hálito dele.

beijinhos molhados (da chuva)

Jaime disse...

Olha esta:
- ocorrências de "bom hálito" no google: 6120
- ocorrências de "mau hálito" no google": 124000

Não admira que tanto recordes um caso se calhar raro. :-)

Abssinto disse...

Diluição....