04/03/2008


Um pouco à moda da curse of millhaven, é caso para dizer que, se o Mestre tivesse existido, eu tinha casado com ele...



(suspiro)










Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço,
a figura
[dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a
encontro
[a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é
quando
[me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua
[semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar
nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso
[senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que
quero.
[Quero só
Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.

Alberto Caeiro (1889-1915) (!)

8 comentários:

Anónimo disse...

:)

tb o adoro. mas acho que n ia resultar. n me parece ser homem para casar ...

Ema disse...

nenhum deles era para casar. não, também concordo. e ele é maravilhoso. como sabes, o meu menos favorito, mas ainda assim muito bom.

Marisa Fernandes disse...

Brilhante.
E perfeito.*

rv disse...

há tanto tempo q não lia isto,soube muito bem

Maria del Sol disse...

Casar, não casava, e tal como a Curse, acho que este é dos que dificilmente partilharia o que quer que fosse (nem sequer do cordão umbilical parece ter gostado muito, já que dizia ter "horror a nascer de vagina")... mas ninguém lhe tira o estatuto de semideus da poesia ;)

Cláudia Sampaio disse...

Já tinha dito que adoro o Alberto Caeiro não já?

Menphis disse...

Por momentos, imaginei o Fernando Pessoa a dançar Janis Joplin e concluí que o vosso casamento não durava muito tempo. :)

Francisco disse...

também postei este poema, há tempos, no meu blog. é magnífico.