17/03/2008


A cama era grande, branca, infinita, imaculada. Estendia as mãos e nunca conseguia alcançar a outra ponta da cama. O mesmo acontecia quando estendia os braços para ele. Quanto mais estendia os braços, maior era a cama, maior a distância entre eles.


Fumava o cigarro alheia ao corpo dele, enquanto o fumo desenhava o ar abstracto. No marasmo que inundava o quarto, só a mão dela descrevia movimentos, lenta, acima e abaixo, levando à boca mais um pouco de vício. Apeteceu-lhe pedir que não voltasse. Nunca mais. Mas não era capaz. Ele viciava-a mais do que a nicotina.


8 comentários:

Ema disse...

as paixões ardentes que nos povoam.

Francisco disse...

bonito

Cláudia Sampaio disse...

Bem sei...

Maria del Sol disse...

A pior solidão é a que sofremos na presença de outras pessoas. E o teu texto foi brilhante a descrevê-la :)

Mustafa Şenalp disse...

cok güzel bir site.

V. disse...

outch! outch! outch! e às vezes nem há a porra de um cigarro à mão para enganar o vício... *

Jaime disse...

É sempre bom saber que um homem pode ter mais poder que um cigarrito. :-) [As palavras do mustafa são sábias.]

Luis Gaspar disse...

há camas demasiado grandes e tão poucas mulheres que as consigam preencher