Antigamente, o início de uma relação tinha a piada de ser alimentado por trocas infinitas de cartas que fariam corar Romeu e Julieta. Hoje em dia, basta actualizar o estado no Facebook para que num milésimo de segundo todo o nosso universo de amigos (e não só) fique a par das nossas aventuras e desventuras amorosas. Perde-se o encanto epistolar de outros tempos, enquanto se alarde ao mundo inteiro a nossa privacidade. A intensidade da relação (ou falta dela), essa passa a ser calculada na medida de horas que se passa em chats com o/a mais que tudo.
Marcar uma posição passava não raras vezes pela redacção de um post ou crónica inflamados, assaz capazes de desarmar os mais cépticos. Hoje a coisa é mais simples. Adere-se a um grupo no Facebook que expresse esta ou aquela vontade, e todos ficam a saber in loco as ideias que defendemos e em que acreditamos.
Ainda me lembro de a cada aniversário, correr à clássica Papelaria ABC, um ex-libris lá da terra, a comprar os convites para a minha festa, que entregaria a cada um dos amigos mais especiais. Mas só mesmo aos mais especiais, que os convites ainda eram caros para o parco orçamento de que me fazia acompanhar. Hoje em dia? Fácil! Cria-se um evento, convida-se massivamente toda a rede que compõe as nossas amizades, e será uma sorte se a adesão chegar aos 50%!
Não se pense com isto que desprezo o Facebook. Mea culpa pública, porque... I love that shit!
Mas ainda assim... Sinto falta da emoção que sentia sempre que escrevia uma carta de amor, da ansiedade pela missiva aguardada, ou da alegria infantil em ir comprar os benditos convites para as minhas festas de anos.
Sou saudosista sim senhor, ou nao fosse eu portuguesa dos pés à cabeça.